sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A mãe dele não o levou mais a escola

Eu tive uma experiencia um tanto quanto traumática na escola. Nunca gostei de ir, nunca achei legal, nunca me envolvi na atividades e sempre fui uma aluna mediana porque aquilo tudo simplesmente não me inspirava. Hoje, adulta e formanda, depois de ter sobrevivido a todo o processo de ensino brasileiro e depois de estar dando aulas já a alguns anos em escolas, eu consigo entender sua função na sociedade e consigo ver que há uma certa necessidade para os pais modernos terem que levar seus filhos para escola. Consigo ter uma visão muito critica de dentro para fora e de todos os lados desse problema e por causa dessa visão, a cada dia que passa, eu penso mais que talvez eu não queira que meus filhos vivenciem essa experiencia social de ir a escola.
Eu sei, é um pensamento muito polemico, complexo e difícil. No Brasil é até crime, somos obrigados pela lei a matricular nossos filhos na escola, e eu acho essa lei importantíssima, mas a cada dia penso que deveria haver outra opção, outra maneira de fazer isso. Sei que não sou a única a pensar assim, existe um grupo grande de pessoas batalhando pela causa do direito ao ensino domiciliar. Há um projeto de lei,  Lei 3.179 de 2012, que tenta regulamentar essa pratica por aqui. Mas a briga é feia, mexe com os interesses de muita gente e todo mundo sabe que politico não gosta de gente que pensa e se muita gente começar a sair das escolas para ter uma educação mais "alternativa" a coisa pode complicar para eles.
Enfim, tem muito pano para manga, muita coisa a ser dita sobre isso e eu que ainda estou formando minha opinião sobre o assunto, pretendo discutir isso mais vezes. Hoje, eu vim compartilhar dois videos com vocês, um mais antigo, que abriu meus olhos sobre esse assunto e o outro que traz uma criança falando sobre a sua vida longe das salas de aula e como ele vê sua educação e seu futuro.
Assistam, vamos discutir esse assunto.

Video 1

Sir Ken Robison



Video 2

Logan Laplante, 13 anos desde os 9 fora da escola (em inglês, assim que conseguir um legendado mudo o link aqui)





quarta-feira, 26 de junho de 2013

Meu filho não come.

Escuto e leio essa frase por do lado ultimamente, "meu filho não come nada", "meu filho é enjoado para comer", "meu filho, só come batata frita, mas a medica disse que posso dar complemento para ele não ficar denutrido". Oi?!

Quando eu era criança eu era enjoada para comer, só comia espaguete porque os outros modelos de macarrão não eram macarrão na minha cabeça de criança. Só comia a gema do ove e depois, só comia a clara, só tomava leite de saquinho (não existia tetrapac naquela época), tinha nojinho do leite de vaca. Só comia ovo de caixinha, coxinha de asa frita e hamburguer da Mcdolnalds. Eu nunca tive nenhum tipo de limitação quanto a comer bala, chocolate, misto quente, cachorro quente e sorvete, nem nunca vi nenhuma criança dizer que não gosta dessas coisas.

Hoje, já adulta, eu como quase tudo, não gosto de mamão, nem de todos os tipos de peixe, não vejo muita graça em frutas como caqui e pinha e não como alface. Nós temos paladares diferentes, gostamos de comidas diferentes e isso é normal, a maioria das pessoas tem algum alimento que não gostam. 

Dai  eu observo as crianças próximas de mim, eu, meu marido e chego a uma conclusão. Temos que expor as crianças a maior variedade de comidas possível. Por exemplo, na minha casa minha mãe faz uma rigida dieta sem proteínas, o resultado é que eu não dou muita boa para carne, nem para grãos, mas adoro frutas e verduras. Era o que tinha para comer e eu tive que me adaptar. Meu marido por outro lado cresceu comendo muita carne e peixes e uma variedade pequena  de frutas e legumes. Ele sente falta de comer um bom bife e se eu não lembra-lo de comer frutas ele não come e não sente falta.

Outra coisa que eu observo nas famílias é a constante substituição de alimentos, a criança não come o almoço a mãe dá uma mamadeira de suco ou suplemento. Faz-se muitos lanchinhos, toda mãe tem uma bolachinha, um danoninho, um guloseimazinha na bolsa. Como a criança vai comer se nem tem tempo de ter fome? 

Tenho a memoria de um priminho fazer birra na hora de comer, ele não estava com fome. Minha tia depois de insistir um pouco deixou para lá, guardou o prato na geladeira e deixou o menino ir brincar. Ele pediu suco, ela disse não, Ele pediu sobremesa, ela disse não. A unica coisa que ela deixou ele comer foi água. Lá pelo meio da tarde ela perguntou novamente se ele queria almoçar e ele comeu. Moral da história: criança sem fome não come. Era época de feriais, meu priminho tinha acordado tarde e tomado café da manha, na hora do almoço ainda não estava com fome. Minha tia não fez nenhum substituição foi consistente e conseguiu que sei filho comece o almoço.

Acho que é bem essa a palavra: CONSISTÊNCIA. Não só na hora da comida, mas na vida. Não dar o braço a torcer. É difícil e de vez em quando a gente amolece, é normal, mas mantenha suas regras e INSISTA, seu filho não vai gostar de comer todo, mas vai gostar de comer muitas coisas. Os especialistas recomendam que um alimento deve ser provado pela criança 8 vezes em receitas diferentes antes de  ser taxado com o selo "não gosto". Os franceses usam uma boa técnica, as crianças devem se sentar a mesa e comer uma colher de cada alimento da mesa, após terem experimentado tudo podem sair da mesa. Vale tentar, nem que seja para ver as carinhas dos pequenos como nesse vidéo ai. E o nada de misturega e comida feia para a criançada, lembre-se que também se come com os olhos!!! E cuidado com os lanchinhos.



segunda-feira, 10 de junho de 2013

Orgasmo no parto. É possível?

Parto e Orgasmo. Porque essas duas palavras na mesma frase soam tão estranho? 

Fui escalada pelos meus colegas Bernardo e Stela para fazer o primeiro post oficial do nosso blog e já fiquei com um tema quente.  Adorei! 
Quando ainda pesquisávamos sobre temas que discutiríamos aqui mostrei pra eles esse vídeo. Eu já conhecia e eles logo concordaram comigo que era algo importante de explorarmos. Como falaremos de todo o processo de formação de pais, nada mais justo que comecemos falando do parto.

Aviso que o vídeo contem cenas inapropriada para os pequenos, ok?


Essa reportagem foi ao ar no ABC News 20/20 e mostra mulheres tendo orgasmos durante o trabalho de parto. É em inglês mas as imagens dizem muito. Vários casais foram entrevistados e relatam como é possível ter um orgasmo durante o parto. 

Quando pensamos em parto tenho certeza que a maioria ainda visualiza mulheres descabeladas, sofrendo muito, gritando de dor em intervalos regulares, pedindo anestesia pelo amor de Deus, com raiva dos maridos, parceiros, namorados ou qualquer que seja o homem que a faz passar por essa dor insuportável. Homens perdidos, indo de um lado pro outro sem saber o que fazer, enfermeiras passando de um lado pro outro ignorando o pobre coitado como se ele só atrapalhasse. Exatamente como no vídeo. 
Soa familiar, não? Esse estereótipo é bem comum. Muito retratado na ficção e relatado por várias mulheres. 

Ainda associamos parto a dor, necessariamente. É por isso que quando falamos de orgasmo, a definição máxima de prazer isso soa tão estranho. Não vou aqui dizer que a dor não vai acontecer de forma alguma. Estamos falando de contrações uterinas tentando fazer um bebê sair pelo canal vaginal, isso pode doer! Mas estou falando também de abrirmos nossos horizontes e descontrairmos a crença de que vai doer muito sempre, necessariamente. Dor é algo sentido por todos nós seres humanos, mas como significamos e experienciamos a dor é algo singular. Único em cada um de nós. 

Vamos a um jogo de raciocínio. 
Médicos indicam como um método eficaz para induzir o trabalho de parto no final da gestação o sexo, dentre outros. Isso em casos de uma gestação de 40 semanas completas ou mais em que a mãe não entra em trabalho de parto. Essa indicação é por causa de uma substância que até pouco tempo, pouco sabíamos sobre: a Ocitocina! 

Quanto atingimos o orgasmo liberamos essa substância linda chamada Ocitocina. Na verdade, agora já se sabe que ela causa o orgasmo. A mesma, MESMA substância que precisamos para causar e regular as contrações uterinas. Que depois do parto mantém a contração do útero impedindo hemorragia, que ajuda na lactação. 
Essa substância sintetizada pelo hipotálamo ganhou espaço e entendimento mais profundo no início da década de 90. Presente em homens e mulheres, o próprio toque pele a pele é suficiente para sua produção no cérebro. 

Então, juntando A+B = É real a possibilidade de orgasmo durante o parto! Pensar que temos uma mesma substância atuando em momentos tão aparentemente distintos como orgasmo e parto torna tudo mais próximo, não é mesmo? 

O papel do parceiro durante o trabalho de parto, apoiando física e emocionalmente a mulher é fundamental. A Ocitocina ou também chamada  de Droga do Amor, é liberada quando somos tocadas pelo amado, quando nos beijamos. Ela também pode ser responsável por transformar experiências potencialmente estressantes em oportunidades para expressar amor e alegria. Ela permite que mesmo com essa imagem estereotipada de dor construída ao redor do parto, mulheres ainda queiram passar novamente pela experiência. É por isso que é possível ter um orgasmo durante o parto.  Não é mito e coisa de gente estranha e alternativa. Basta nos despirmos de preconceitos. A Ocitocina faz tudo isso! E o que impede que desfrutemos disso são nossa imagens mentais de mulheres sendo retratadas sofrendo muito, então nosso cérebro já entende que é isso que vai acontecer. Dor! Se abrirmos nossa cabeça, talvez o prazer aconteça. Que tal? 

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Matéria prima para fabricar ideias: bem vindos!

E se antes de nascermos tivéssemos uma escola preparadinha dentro da barriga da mamãe, que ensinasse tudo sobre o mundo lá fora? Seria demais, não? Em nove meses de gestação estudando bastante lá dentro, em um curso do tipo intensivão! Imagine, logo depois do nascimento, na medida em que fossemos nos desenvolvendo, não só saberíamos, mas teríamos ciência de cada fase diferente pela qual estaríamos nós preparando, e assim poderíamos ir compreendendo com calma, serenidade e maturidade cada fase da vida, desde as fases delicadas da infância até as decisões da vida adulta.

Imagine, aos poucos meses de vida, lá pelos seis, quando o corpinho estivesse começando a se firmar, se preparando para conseguir começar a engatinhar, vir à mente a seguinte sentença: "Nossa, que legal! Já já estarei caminhando, olha estes adultos me estimulando, que curioso, já esperava por isso!". Ou ainda, na adolescência: "É, não está fácil, toda esta puberdade bombando, começo a ter necessidade em experimentar formas mais complexas de me relacionar com as pessoas e com  meus pais. E tudo ao mesmo tempo agora! Que interessante! Bom, preciso me desenvolver de forma a assumir responsabilidades sob meus comportamentos, continuar construindo um pensamento crítico e vivenciar relacionamentos intensos assumindo um papel ativo e transformador."

Bacana não?!  Um barato!  Mas, nós bem sabemos que as coisas não funcionam assim. E mais, mesmo que houvesse esta escola para nós preparar para o mundo lá fora, ela não funcionária. O aprendizado faz parte da vida. O desenvolvimento a partir das experiências, sem qualquer preparação teórica ou prática, constrói uma estrutura que nos faz ser quem somos: pessoas livres, criativas, transformadoras, responsáveis e capazes de nos relacionar com o mundo. A frustração faz parte disso, nos coloca em contato com nossos limites naturais, nos ensina a parar, recomeçar e de onde podemos recomeçar. Os êxitos fazem parte disso também, nos mostra que o desenvolvimento está se fazendo de forma saudável e logo podemos alcançar outros objetivos e seguir adiante.

A vida nos prepara, mas por ela própria. A caminhada se faz na caminhada, e caminhando. E quando já passamos por boa parte da vida e decidimos se juntar com outra pessoa e criar filhos, nós já passamos por muitas experiências na vida, já defendemos muitas ideias e entendemos vários conceitos e modos de como o mundo funciona. No entanto, será que já estamos preparados para muita coisa, já somos mestres e doutores em muitos cursos da vida, já estamos preparados para sermos pais ou mães?

Esta pergunta costuma ser apavorante. Há muitas frases em nossa cultura que assumem uma ideia de que criar filhos exige muita responsabilidade, que é abrir mão da própria vida, que é muito difícil, etc.
Bem, e que tal se existisse um local, uma ocasião arrumadinha, um projeto para conversarmos e trocarmos ideias sobre todo esse pavor que pode aparecer?  Não temos uma escola que prepara para a vida, mas e se tivéssemos um lugar bem aconchegante que ajudasse na formação dos grandes e maiores professores das pessoinhas que acabaram de chegar ao mundo: E se houvesse uma Fábrica de Pais?

Em nossa história, a prática de ser pai e mãe foi ensinada pelos mais velhos, passada de geração em geração, e depois também pelas orientações médicas. Contudo, todas as atividades relacionadas à criação de filhos envolve uma série de mudanças de comportamento, organização do lar, responsabilidades e escolhas que o casal assumirá para melhor aproveitar sua capacidade de proporcionar aos seus filhos uma vida amplamente saudável. Não é uma tarefa simples. Mas, não precisa ser uma missão impossível ou uma árdua caminhada cheia de emoções negativas, como medo ou raiva.

O mundo contemporâneo assume hoje novos desafios, novas configurações familiares e novas relações de gênero. Hoje, discutimos mais, interagimos mais e o questionamento crítico se apresenta como uma necessidade de busca por bem estar individual e social. Nos organizamos de forma profissional e inovadora para oferecer um caldeirão de informações ricas em novidades e também um espaço livre para trocar experiências, acolher dúvidas e assumir questionamentos, proporcionando aprendizagem e amadurecimento.

A Fábrica de Pais assume um compromisso de despertar e desenvolver um olhar diferenciado sobre como se constrói e como pode funcionar a relação entre pais e filhos. Visamos proporcionar em primeiro lugar um amplo benefício para o desenvolvimento das crianças, pois entendemos que são as maiores interessadas e beneficiadas com o preparo parental. Visamos crianças capazes de lidar plenamente com adversidades e realizações na vida. Para isso, nada melhor que proporcionar aos pais formas possíveis de assumir suas próprias capacidades em lidar com as frustrações e êxitos na missão de serem pais e mães.

Bem vindos à Fábrica! Mãos à obra!